domingo, 16 de agosto de 2009

Assunção de Nossa Senhora

Assunção de Nossa Senhora
Papa Bento XVI

A Igreja celebra a Assunção da Virgem Maria de corpo e alma ao Céu. Trata-se de uma festa antiga, que tem o seu fundamento último na Sagrada Escritura: de fato, ela apresenta a Virgem Maria estreitamente unida ao seu Filho divino e sempre solidária com Ele. Mãe e Filho mostram-se estreitamente associados na luta contra o inimigo infernal até à plena vitória sobre ele.

Esta vitória expressa-se, em particular, na superação do pecado e da morte, isto é, em vencer aqueles inimigos que São Paulo apresenta sempre em conjunto (cf. Rm 5, 12.15-21; 1 Cor 15, 21-26). Por isso, como a ressurreição gloriosa de Cristo foi o sinal definitivo desta vitória, também a glorificação de Maria no seu corpo virginal constitui a confirmação final da sua plena solidariedade com o Filho tanto na luta quanto na vitória.



Deste profundo significado teológico do mistério fez-se intérprete o Servo de Deus o Papa Pio XII ao pronunciar, a 1º de novembro de 1950, a solene definição dogmática deste privilégio mariano. Ele declarava: "Deste modo a venerável Mãe de Deus, arcanamente unida a Jesus Cristo desde toda a eternidade com o mesmo decreto de predestinação, imaculada na sua concepção, virgem ilibada na sua divina maternidade, generosa sócia do Divino Redentor, que alcançou um triunfo pleno sobre o pecado e sobre as suas consequências, no final, como supremo coroamento dos seus privilégios, pôde ser preservada da corrupção do sepulcro e, tendo vencido a morte, como já o fez seu Filho, ser elevada em alma e corpo à glória do Céu, onde resplandece Rainha à direita do seu Filho, Rei imortal dos séculos." (Constituição Munificentissimus Deus, 768-769).

Na Bíblia, a última referência à sua vida terrena encontra-se no início do livro dos Atos dos Apóstolos, que apresenta Maria reunida em oração com os discípulos no Cenáculo, à espera do Espírito Santo (cf. At 1, 14). Sucessivamente, uma dúplice tradição em Jerusalém e em Éfeso dá testemunho da sua "dormição", como dizem os Orientais, ou seja, o fato de que Ela "adormeceu" em Deus. Foi este o acontecimento que precedeu a sua passagem da terra para o Céu, confessada pela fé ininterrupta da Igreja. Por exemplo no século VIII, João Damasceno, grande Doutor da Igreja Oriental, estabelecendo uma relação direta entre a "dormição" de Maria e a morte de Jesus, afirma de maneira explícita a verdade da sua assunção corpórea. Numa célebre homilia, ele escreve: "Era necessário que aquela que trouxera no seu ventre o Criador quando era criança, habitasse com Ele nos tabernáculos do Céu". Como se sabe, esta firme convicção da Igreja encontrou a sua coroação na definição dogmática da Assunção, pronunciada pelo meu venerado predecessor Pio XII, no ano de 1950.

Como ensina o Concílio Vaticano II, Maria Santíssima deve ser inserida sempre no mistério de Cristo e da Igreja. Nesta perspectiva, "do mesmo modo que a Mãe de Jesus, já glorificada no Céu de corpo e alma, é imagem e primícia da Igreja, que há de atingir a sua perfeição no século futuro, assim também já agora na terra, enquanto não chega o dia do Senhor, Ela brilha como sinal de esperança segura e de consolação aos olhos do Povo de Deus peregrino" (Constituição Lumen gentium, 68).

Do Paraíso, Nossa Senhora continua a velar sempre, especialmente nas horas difíceis da prova, sobre os seus filhos, que o próprio Jesus lhe confiou antes de morrer na cruz. Quantos testemunhos desta sua solicitude materna podem ser encontrados, quando se visitam os Santuários a Ela dedicados!

Queridos irmãos e irmãs, elevada ao céu, Maria não se afastou de nós, mas permanece ainda mais próxima e a sua luz projeta-se sobre a nossa vida e sobre a história da humanidade inteira. Atraídos pelo esplendor celeste da Mãe do Redentor, recorramos com confiança àquela que do alto nos guarda e nos protege. Todos temos necessidade da sua ajuda e do seu conforto para enfrentar as provas e os desafios de cada dia; precisamos senti-la como mãe e irmã nas situações concretas da nossa existência. E, para poder partilhar um dia também para sempre o seu mesmo destino, imitemo-la agora no dócil seguimento de Cristo e no generoso serviço aos irmãos. Este é o único modo para saborear, já na nossa peregrinação terrena, a alegria e a paz que vive em plenitude quem alcança a meta imortal do Paraíso.

Maria elevada ao Céu indica-nos a meta derradeira da nossa peregrinação terrena. Recorda-nos que todo o nosso ser – espírito, alma e corpo – está destinado à plenitude da vida; que quem vive e morre no amor a Deus e ao próximo será transfigurado à imagem do corpo glorioso de Cristo ressuscitado; que o Senhor derruba os soberbos e eleva os humildes. É isto que Nossa Senhora proclama eternamente mediante o mistério da sua assunção. Que tu sejas sempre louvada, ó Virgem Maria! Intercede por nós junto ao Senhor!

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